Com 29 vitórias, Volkswagen retoma liderança isolada na categoria Carro

Honda, Mercedes-Benz, Pirelli e Petrobras mantêm hegemonia em seus segmentos na pesquisa Datafolha

São Paulo

O Volkswagen Gol GTI era sonho de consumo em 1991, apesar de seu posto na lista de desejos estar ameaçado pelos recém-chegados modelos importados.

O mercado automotivo brasileiro passava por uma grande mudança naquela época, mas a marca de origem alemã mostrava sua força ao ser a mais lembrada na primeira edição da pesquisa Folha Top of Mind, feita pelo Datafolha.

A montadora acumula 29 vitórias em 30 premiações. Na atual, foi mencionada espontaneamente por 24% dos entrevistados. A taxa dos que não informaram o nome de alguma marca de carro recuou de 9% em 2019 para 4% neste ano.

Com o resultado, a Volkswagen retomou a liderança isolada após dois anos dividindo o topo do pódio com a Fiat. A marca italiana foi a única a desbancar a VW em uma edição do estudo. O feito ocorreu em 2016 e veio no embalo da picape Toro, apresentada em ações de marketing inseridas no programa Big Brother Brasil, da Globo.

A Volkswagen recuperou espaço com a renovação de seus produtos, a começar pelo compacto Polo, lançado em 2017. Dois anos depois, a montadora preencheu a maior lacuna de seu portfólio ao lançar o utilitário esportivo T-Cross.

O jipinho urbano foi o carro mais vendido do país em julho e abriu espaço para o estreante Nivus, que traz o sistema de conectividade mais moderno do mercado.

“Antes a VW era reconhecida pela robustez de seus carros. Hoje se torna a mais lembrada por oferecer eficiência e inovação”, avalia Murilo Briganti, diretor de produtos da Bright Consulting.

Pablo Di Si, presidente da Volkswagen América Latina, bancou o lançamento do Nivus em meio à pandemia. A empresa trabalha em mais duas novidades: uma versão menos sofisticada do Polo, que será feita em Taubaté (interior de São Paulo), e outro utilitário esportivo. Esse novo SUV se chamará Taos e terá produção argentina.

“Mesmo em um cenário muito desafiador, mantivemos o lançamento do Nivus de forma 100% digital, como nunca tínhamos realizado antes. Já planejávamos anteriormente um lançamento 80% digital para o modelo, mas a pandemia acelerou os 20% restantes”, conta o executivo.

Embora as novidades mereçam destaque, o Gol segue em linha como o campeão de popularidade da Volks. Foi o carro mais vendido do país naquele distante 1991, com 112 mil emplacamentos. Desde seu lançamento, em 1980, mais de 7 milhões de unidades foram comercializadas, recorde nacional para um único modelo.

MOTO

A Honda domina com folga seu segmento. No primeiro semestre deste ano, 77% de todas as motocicletas vendidas no país carregavam no tanque a logomarca com a asa estilizada, símbolo da empresa japonesa. Os modelos estão à venda em 1.110 lojas Brasil afora.

Essa liderança se reflete também no Top of Mind. Marca de moto mais lembrada nas oito edições em que a categoria integrou a pesquisa, a fabricante foi citada por 64% dos entrevistados em 2020. O índice sobe para 70% entre os homens, atinge 74% no Norte e chega a 75% no Nordeste.

A produção na Zona Franca de Manaus foi interrompida por dois meses durante a pandemia. O retorno das atividades ocorreu de forma gradual, e as operações foram revistas. A fabricante adotou 27 protocolos sanitários, que resultaram em um pacote com mais de 200 medidas.

De acordo com Alexandre Cury, diretor comercial da Honda Motos, o atual período traz resultados positivos para o segmento. Em agosto, a marca obteve o maior índice de vendas diárias desde dezembro de 2015, com um total de 3.583 unidades emplacadas.

“É preciso cautela para confirmar se essa recuperação tem fundamentos sólidos e sustentáveis. Ainda existem incertezas dado o alto nível de desemprego e, principalmente, a situação fiscal do país, muito afetada pelo coronavírus”, diz Cury.

Mas a recuperação, de fato, tem surpreendido. Houve até fila de espera por alguns modelos, causada pelo represamento nas entregas de pedidos adquiridos via consórcio. A razão disso está nas paradas de produção em abril e maio.

A alta na procura por motos também pode ser atribuída ao aquecimento do mercado de delivery e à possível migração do transporte público para a mobilidade individual devido à Covid-19, analisa Cury.

“A motocicleta é um modal prático e econômico, no consumo de combustível e na manutenção, além de ter um papel relevante para a geração de renda”, diz.

CAMINHÃO

Pioneira na fabricação de caminhões no país, a Mercedes-Benz segue no topo em um ano que prometia muito no setor de veículos pesados. O bom momento, porém, foi interrompido pela pandemia.

São 12 conquistas em 12 edições da categoria, com crescimento de quatro pontos entre 2019 e 2020 —passou de 22% para 26% das menções. Entre os homens, a montadora atingiu 33%. Um quarto (25%) dos brasileiros não se lembraram de qualquer marca de caminhão.

Segundo Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing de caminhões e ônibus da empresa, os impactos do coronavírus ainda são evidentes.

“Há muitos desafios a superar. A única certeza que temos para 2021 é que o agronegócio continuará puxando as vendas de caminhões, especialmente de modelos extrapesados”, afirma o executivo. Ele acredita que segmentos como mineração, construção civil e farmacêutica também terão um papel importante na retomada, mas evita prever o futuro.

As vendas no setor de caminhões acumulam queda de 14,9% de janeiro a agosto, em comparação com o mesmo período do ano passado. O resultado é ruim, mas poderia ser pior. Segundo a Anfavea, associação que representa as montadoras instaladas no Brasil, os emplacamentos de carros de passeio e veículos comerciais leves caíram 35% no mesmo intervalo de tempo.

PNEU

Campeã nas 18 edições em que a categoria fez parte da pesquisa, a Pirelli recebeu 45% das citações neste ano. A marca italiana conseguiu seu índice mais alto entre os homens (55%) e venceu também o prêmio Top Masculino. Na faixa etária mais velha, obteve 51% de lembrança.

Apesar da Covid-19, os investimentos prosseguem. A Pirelli acaba de inaugurar o Circuito Panamericano, maior complexo multipistas da América Latina. Foram injetados R$ 90 milhões na construção desse espaço com 1,65 milhão de m², localizado na cidade de Elias Fausto (SP).

Ao todo, são sete pistas diferentes para avaliações de veículos e pneus em piso seco ou molhado, trechos fora de estrada e outros obstáculos. O complexo de testes foi concluído em plena pandemia.

Cesar Alarcon, presidente da Pirelli na América do Sul, diz que vem notando uma leve melhora no panorama nacional desde junho. “Não ficamos parados um momento sequer. Demos o apoio necessário aos nossos colaboradores, seguindo todos os protocolos da OMS”, afirma o executivo.

Alarcon reforça ainda que a empresa conhece bem o país. “A Pirelli já está presente no Brasil há mais de 90 anos, o que nos dá experiência para entender que temos as condições estruturais necessárias para enfrentar e superar esse cenário o mais brevemente possível.”

COMBUSTÍVEL

Lembrada de forma espontânea por 26% dos ouvidos, a Petrobras soma 18 vitórias consecutivas e é líder absoluta na categoria. Seus melhores resultados foram obtidos entre os mais jovens (37%), mais ricos (35%) e mais instruídos (34%).

A parcela que não soube citar o nome de uma marca de combustível recuou para o menor índice da série: 18%.

Para permanecer como a mais lembrada, a empresa trabalha na renovação de sua imagem. Privatizada em 2019, a BR Distribuidora está mudando o visual de seus postos, trabalho feito em parceria com a consultoria de branding e design Gad’.

Longo, o processo só deve ser concluído em 2025. A rede tem 7.700 estabelecimentos espalhados pelo Brasil.

O novo desenho já é visto em alguns postos Petrobras nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. A implementação do reformulado layout ocorre em paralelo à retomada do mercado.

“Observamos uma gradual recuperação nas vendas, especialmente em algumas metrópoles”, diz Leonardo Burgos, diretor de desenvolvimento de negócios e marketing da BR Distribuidora.

De acordo com dados da companhia, o volume de vendas de diesel, gasolina e etanol ao longo do mês de junho foi 7% superior ao registrado em maio. No acumulado do segundo trimestre, os volumes totais de vendas da BR Distribuidora sofreram redução de 14,8% em relação aos três primeiros meses deste ano, quando a pandemia ainda não havia se alastrado.

A empresa também desenvolveu ações humanitárias durante a crise. Além de oferecer suporte e alimentação a caminhoneiros, foram doados 3 milhões de litros de combustível para abastecer tanto ambulâncias como veículos dedicados ao transporte de profissionais de saúde, pacientes e insumos.

Mais do que nunca, as atitudes das organizações perante o coletivo são relevantes, avalia Ricardo Monteiro, gestor de marcas e sócio da empresa DMK Group. “É tempo de pensarem não somente na sua individualidade, na divulgação de produtos ou serviços, mas também no seu papel perante a sociedade”, diz.

ÓLEO LUBRIFICANTE

A marca de fluido para motor mais vendida do Brasil é também a mais lembrada. Lubrax foi a resposta espontânea de 14% dos participantes, um crescimento de seis pontos percentuais em relação a 2019. É sua quarta conquista em quatro anos de presença da categoria na pesquisa.

O avanço recolocou a marca na liderança —na última edição, houve empate com a Shell. O percentual de brasileiros que não se lembraram de um nome da categoria caiu de 61% para 47%.

A marca Lubrax foi criada em 1973, e seus lubrificantes são produzidos na fábrica instalada em Duque de Caxias (RJ). Além do mercado nacional, a linha é exportada para Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai.

Em todo o país, a rede Lubrax+ tem 1.600 franquias instaladas em seus postos. Os produtos também são encontrados em lojas independentes, o que aumenta a penetração da marca, e a BR Distribuidora opera o canal de comércio eletrônico Loja Lubrax, dedicado a revendedores

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