O setor de transportes flertou com um 2021 soberbo após meses de dificuldades geradas pela crise sanitária. Mas a demanda por motos, carros e caminhões, que começou a crescer no segundo semestre do ano passado, esbarrou na falta de peças —que também foi reflexo da pandemia de Covid-19.
Ao mesmo tempo em que retomam a produção, as empresas buscam soluções para tornar seus produtos menos agressivos ao meio ambiente e se adaptar à agenda ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa).
"Tenho certeza de que nossos clientes acompanham e veem valor no tema descarbonização", diz Roger Corassa, vice-presidente de vendas e marketing da Volkswagen do Brasil. "Lançamos a calculadora Abasteça Consciente, assim o cliente pode saber qual combustível é mais vantajoso, etanol ou gasolina."
Os desafios globais afetaram as fábricas, mas não mexeram nos resultados da pesquisa Top of Mind. As marcas mantiveram a liderança acumulada nos últimos anos.
A Volkswagen segue líder absoluta na categoria Carro. A marca é a mais lembrada pela 30ª vez nos 31 anos do Top of Mind. O posto só foi perdido na edição de 2016 —vencida pela Fiat, que já havia empatado a disputa em 2015.
Neste ano, a VW foi citada de forma espontânea por 24% dos entrevistados, mesmo índice de 2020. Há resultados acima da média geral entre os homens (28% das menções) e os brasileiros mais ricos (34%).
A hegemonia recuperada em 2017 pela Volks é acompanhada pelos lançamentos de utilitários esportivos de porte compacto e médio. Tiguan, T-Cross, Nivus e Taos estão entre os automóveis mais procurados tanto no mercado de modelos zero-quilômetro como entre os usados.
Em julho, a montadora anunciou a criação do centro de pesquisa e desenvolvimento no Brasil, voltado ao estudo de soluções tecnológicas baseadas em biocombustíveis para mercados emergentes, além de soluções híbridas que conciliarão etanol e eletricidade.
A companhia alemã investe também na modalidade de carro por assinatura.
"O que nos move é trazer cada vez mais produtos que surpreendam e atendam aos desejos dos nossos clientes. Para isso, promovemos uma transformação cultural e digital de dentro para fora, que busca oferecer mais tecnologia, conectividade e design em nossos produtos", diz Roger Corassa.
Moto
A Honda Motos chega aos 50 anos de atuação no Brasil e permanece como líder do mercado e da lembrança dos consumidores. A marca é a mais citada nestas nove edições em que o segmento de motocicletas integra a pesquisa Top of Mind, e com larga vantagem.
A fabricante obteve 65% das menções e se destacou entre os homens e na faixa etária de 35 a 44 anos (71% em ambos os nichos).
Com fábrica no Polo Industrial de Manaus (AM), a vencedora atinge na região Norte sua melhor performance: 79%.
Segundo Alexandre Cury, diretor comercial da Honda Motos, mais de 26 milhões de motocicletas da marca já foram comercializadas no Brasil. A produção nacional teve início em 1976, após cinco anos de importação.
Hoje a empresa tem cerca de 1.100 concessionárias e investe ainda na interação digital com os clientes por meio da plataforma myHonda.
O relacionamento virtual foi intensificado durante a pandemia, que fez crescer a fila de espera principalmente por modelos de baixa cilindrada, como a campeã de vendas CG 160.
"A Covid-19 gerou crescimento na demanda pela motocicleta em função do aquecimento do setor de entregas, da busca por modais de transporte individuais e ainda pela procura por uma opção de mobilidade mais econômica, sobretudo em relação ao consumo de combustível", diz Alexandre Cury.
Caminhão
Em seu 65º ano de produção no Brasil, a Mercedes-Benz segue soberana como a marca mais lembrada na categoria Caminhão: são 13 conquistas em 13 edições.
Em 2021, foi citada de forma espontânea por 22% dos entrevistados pelo Instituto Datafolha, com destaque entre os homens (32%), os mais velhos (28%) e os mais ricos (32%).
Um terço (34%) dos ouvidos não soube citar o nome de alguma marca de caminhão —o índice sobe para 53% entre as mulheres e 47% na faixa etária mais jovem, diz o Datafolha.
"Estamos sempre atentos ao que nos pedem e sugerem, tanto as empresas de transporte como os transportadores autônomos e os motoristas", afirma Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing da divisão de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz do Brasil.
A empresa informa que tem apoiado iniciativas sanitárias durante a pandemia, com fornecimento de unidades móveis de saúde e de ônibus transformados em postos de vacinação.
"Temos também um grande compromisso com a promoção da diversidade e inclusão e com o respeito às pessoas, tudo isso porque sabemos que o ser humano é o mais importante", diz, em nota, Karl Deppen, presidente da Mercedes-Benz do Brasil.
Em 2020, a montadora viu as vendas despencarem no início da pandemia, mas a recuperação vultosa do segundo semestre mostrou o quanto o setor de transporte seria fundamental em tempos de crise. O crescimento se mantém neste ano, apesar dos contratempos.
"Assim como todas as empresas do setor automotivo, a Mercedes-Benz está enfrentando muitas dificuldades com o abastecimento de matérias-primas e componentes", diz Leoncini. "Há problemas locais e globais, e estamos fazendo o possível para contornar essa situação."
Segundo o executivo, a montadora criou um comitê que monitora constantemente os processos de produção para tentar minimizar as dificuldades. "Nossos fornecedores também estão trabalhando nesse sentido, o desafio atualmente é mundial", afirma ele.
Pneu
A Pirelli mantém a hegemonia e é a mais citada em sua categoria pela 19ª vez, lembrada por 40% dos entrevistados pelo Datafolha, com maiores percentuais entre os homens (52%) —venceu também o Top Masculino— e na faixa de renda familiar mensal de cinco a dez salários mínimos (48%). Entre os mais jovens, 56% não souberam mencionar uma marca de pneu.
A líder da pesquisa Datafolha pretende ser 100% carbono neutro até 2030, e para isso trabalha na redução do consumo de água em suas fábricas e na eliminação dos plásticos de uso único ainda neste ano, entre outras metas.
"Temos um foco grande na sustentabilidade, com compromissos em nossa agenda para sermos mais do que uma empresa e, sim, um ator social", diz Cesar Alarcon, CEO e vice-presidente executivo da Pirelli para a América do Sul.
A fabricante criou também a série Elect, uma linha para automóveis elétricos. "São veículos que necessitam de pneus especiais, pois o comportamento dinâmico é peculiar. São mais pesados por causa das baterias e têm potência e torque altíssimos, além de serem completamente silenciosos", explica o executivo.
Combustível
Desde agosto, a BR Distribuidora passou a se chamar Vibra Energia, mas a identidade visual dos postos foi mantida, bem como a nomenclatura dos combustíveis. Não há razão para mudar: a marca Petrobras acumula 19 vitórias na Folha Top of Mind.
Na edição 2021 da pesquisa, foi mencionada por 26% dos entrevistados. Petrobras está na boca dos brasileiros mais jovens (35%) e é forte também entre os mais ricos (41%).
A Vibra, que surgiu após o processo de privatização da distribuidora, tem um contrato de licenciamento com a Petrobras —a validade é de dez anos, podendo ser renovado por mais dez. Portanto, pode usar a marca em seus mais de 8.000 postos espalhados pelo país.
"A meta é posicionar a Vibra como uma provedora de soluções na transição para a economia de baixo carbono. Queremos ser referência em energia, mobilidade e conveniência", diz Leo Burgos, diretor de desenvolvimento de negócios e marketing da empresa.
Para o futuro, o executivo projeta que a companhia poderá sentir mudanças nos hábitos dos consumidores. "O carro tende a deixar de ser um produto para se tornar um serviço, com as opções de compartilhamento e de aluguel de veículos. São tendências irreversíveis, que certamente provocarão mudanças não só na mobilidade das grandes cidades mas também nos padrões de consumo."
Óleo Lubrificante
A Lubrax segue na dianteira de sua categoria, com 11% das citações espontâneas na edição 2021 da pesquisa Folha Top of Mind. A marca se destaca entre os homens (16%) e nas classes sociais A e B (18%), diz o Datafolha.
A maioria (56%) não soube mencionar o nome de um lubrificante, índice que pula para 73% entre os mais jovens e 70% entre as mulheres.
Lançada em 1973, Lubrax está prestes a completar meio século. Os óleos mudaram muito desde então, e a evolução continua. Dona da marca, a Vibra Energia calcula que, a partir de 2030, cerca de 30% das vendas de veículos serão de modelos 100% elétricos ou híbridos.
"Sua chegada ao mercado vai trazer mudanças para a indústria de lubrificantes, para os postos e para o nosso negócio de uma forma geral", afirma o diretor Leo Burgos.
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