Datafolha revela as 17 marcas mais lembradas do Top Alimentação

Para atrair consumidores, campeãs do setor investem em inovação, pesquisa e produções sustentáveis

São Paulo

A indústria de alimentos é uma das maiores forças motrizes do país. O setor reúne 37,2 mil marcas em todo o Brasil, responsáveis por 10,6% do PIB em 2021. Das gigantes globais às pequenas empresas —que respondem por 95% do total—, elas processam 58% de tudo o que é produzido no campo, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos.

Por ano, suas frotas transportam cerca de 200 milhões de toneladas de comida pelas estradas nacionais —e 74% desse volume fica aqui mesmo, no mercado interno. O setor foi o maior empregador do país no primeiro semestre de 2022, com 1,76 milhão de postos de trabalho diretos.

Bordado escrito Top Alimentação, letras verdes, desenho de frutas, raízes e folhas. Ilustração para a revista Top of Mind 2022
Georgina Sarmento

Além dos números, trata-se de um segmento que envolve emoções. A relação entre o consumidor e as suas marcas preferidas costuma ser duradoura, afetuosa e, boa parte das vezes, é passada de pais para filhos.

Só que as novas demandas relacionadas à sustentabilidade têm sido um grande desafio, mesmo para as marcas mais consolidadas —quando o assunto é comida, a preocupação vai além das ações de impacto ambiental e se traduz de forma muito clara em busca de refeições mais saudáveis.

"Essa pressão parte de uma parcela do público, mas principalmente dos formadores de opinião e dos próprios acionistas", avalia o especialista em "branding" Marcos Bedendo, consultor da Brandwagon e professor da ESPM. "Essas visões de mundo vêm ganhando preponderância com o passar do tempo, e as empresas precisam mostrar que estão participando delas."

As marcas vencedoras nas 16 categorias do Top Alimentação 2022 têm esse traço em comum: embora ancoradas em trajetórias longevas e consistentes, mantêm os olhos voltados para o futuro e reconhecem que as transformações mal começaram.

AÇÚCAR

Quando a Companhia União dos Refinadores foi fundada, em 1910, açúcar se escrevia com dois "s" —e termos como saudabilidade nem faziam parte do dicionário. O que se viu ao longo desses 112 anos foi uma verdadeira montanha-russa para a popularidade do produto, que chegou a ser tachado de vilão e prejudicial à saúde.

Nesta edição da Folha Top of Mind, União foi a marca mais lembrada pelos entrevistados, com 27% das menções espontâneas. Sua melhor performance aconteceu na região Sudeste (46%).

A companhia também se destacou entre quem tem renda familiar mensal a partir de 10 salários mínimos (41%) e os mais escolarizados (40%).

Para chegar a esse resultado, a União, que hoje pertence à Camil Alimentos, não parou no tempo. Nos últimos anos, a marca soube acompanhar a evolução do mercado e atendeu às demandas do consumidor, que pedia produtos mais saudáveis —já são cinco itens no portfólio, nas linhas Açúcares Naturais (orgânico, demerara e mascavo) e Açúcar Fit, com teor calórico reduzido.

As Receitas União, tradição que começou com os famosos livros e migrou para os canais digitais, também se adaptaram aos novos tempos. Hoje, a equipe da cozinha experimental da companhia tem como meta desenvolver receitas gostosas com a quantidade mínima necessária de açúcar.

"Sempre mantivemos um canal aberto e muito afetivo com o consumidor, nossa conexão é histórica. Desde 1930, quando lançamos o primeiro açúcar de confeiteiro para receitas mais delicadas, entendemos o que ele precisa", diz Ivy Oliveira, gerente-executiva de serviços de marketing da Camil.

ADOÇANTE

Pelo 19º ano consecutivo, a Zero-Cal é Top of Mind da categoria, citada por 19% dos entrevistados. Se a força da marca não muda, o mesmo não se pode dizer da linha de produtos, que vem se transformando ao longo do tempo —especialmente de 2018 para cá.

Segundo Helio Segouras, diretor-geral de consumer health da Hypera Pharma, centro que produz os adoçantes da marca, a busca por produtos saudáveis vem pautando o trabalho nos dois laboratórios da empresa —o Hynova, responsável pelo desenvolvimento das fórmulas, e o Lumina, que capta os movimentos do mercado consumidor.

O primeiro passo nessa direção foi o lançamento do Zero-Cal Sucralose, seguido pelos adoçantes à base de stevia, xilitol e eritritol, substâncias naturais extraídas da natureza.

"Sentimos uma importante mudança de hábito, especialmente no mercado local, onde a preocupação com bem-estar e saúde é tão forte. O eritritol já é o maior sucesso de Zero-Cal dos últimos anos, com 40% de share de mercado, por ser saudável e, ao mesmo tempo, combinar com o paladar doce do brasileiro", afirma o executivo.

Parcerias com influenciadores digitais do universo da beleza e do bem-estar compõem a estratégia principal de comunicação da companhia, que também tem investido em nutricionistas como formadores de opinião.

ARROZ

Pela terceira vez consecutiva, a marca Tio João —que completa um século em 2022— é a mais lembrada pelos consumidores ouvidos pelo Datafolha, com 11% das menções espontâneas. O equilíbrio entre tradição e inovação está na raiz da longevidade da marca, na opinião de Rodrigo Gross, diretor nacional de vendas da Josapar, fabricante do arroz.

Além do produto tradicional, a linha já inclui uma grande variedade de opções: arroz integral, orgânico, sete grãos, parboilizado, vitaminado, risotos semiprontos, grãos usados por culinárias típicas de vários países, arroz-doce e uma nova coleção de misturas para fazer bolos, pães e sobremesas sem glúten, à base de farinha de arroz. Ao todo, são 45 itens.

"Buscamos soluções baseadas nas tendências de alimentação. O apelo do saudável sempre foi o foco da empresa, e a posição de líder de mercado não nos traz acomodação, pelo contrário", afirma o executivo.

Na outra ponta da cadeia produtiva, a Josapar vai na mesma direção —dados sobre plantio, colheita e processos industriais são cada vez mais transparentes. De acordo com Gross, o consumidor anda exigente e quer saber de onde vêm os produtos que chegam à sua mesa. "A rastreabilidade fortalece a sustentabilidade no setor. A Josapar acredita que ser verdadeiro é a melhor forma de estreitar o relacionamento com seu público", diz ele.

CAFÉ EM PÓ

Por ano, cada brasileiro consome de 4,84 quilos de café, segundo a associação que representa a categoria. Somos o segundo maior mercado consumidor do mundo e nossas gôndolas exibem uma grande variedade de marcas, o que aumenta o mérito da Pilão —depois de dividir o pódio com a 3 Corações, em 2021, a marca aparece sozinha na liderança, com 15% das citações espontâneas.

Nascida em 1978, a Pilão é hoje parte do grupo JDE, um dos maiores do setor no mundo, e tem refletido as principais mudanças do mercado consumidor, cada vez mais exigente em relação ao que põe na xícara. Ele já pode escolher cafés diferentes para cada tipo de cafeteira e lê, nos rótulos, termos como "temperatura de torra" e "master blender", antes exclusivos do universo dos apreciadores avançados da bebida.

"O portfólio da Pilão está cada vez mais sofisticado. O processo começou nas pequenas cafeterias e deixou o consumidor mais antenado. A grande indústria precisa acompanhar. É uma oportunidade gigante de democratizar o acesso", diz Susana Hernández, diretora de marketing da JDE Brasil.

Os canais digitais segmentados são os preferidos pela Pilão para levar tanta informação ao público. São consumidores que se consideram experts no assunto e querem saber de tudo, desde a origem dos grãos até a destinação das embalagens. "Pilão é uma grande marca e ainda escolhemos grandes meios para falar com o público. Mas a comunicação se fragmentou e o mundo online nos permite entender melhor os gostos de cada segmento", acrescenta a executiva.

CARNE

A queda no consumo per capita durante a pandemia, agravada pela alta dos preços, tem sido um desafio e tanto para o setor —de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento, caiu de 33,9 quilos anuais, em 2017, para 25,6 quilos, em 2021.

Para a Friboi, campeã da categoria pelo segundo ano consecutivo, com 41% das menções espontâneas, o mercado tem sido mais amigável.

De acordo com Renato Costa, presidente da divisão de carnes da JBS, grupo proprietário da marca, a queda das vendas, nos dois últimos anos, não chegou a 2%. A razão? "Não vendemos apenas carne", diz o executivo.

A qualidade que o consumidor percebe nos itens da marca, segundo Costa, vem na esteira de um projeto de sustentabilidade —todos os produtos são procedentes de fazendas que respeitam áreas de conservação ambiental e terras indígenas, cumprem as leis trabalhistas e prezam pelo bem-estar animal, afirma.

O controle se dá com monitoramento por satélite —e todas as informações sobre a origem da carne estão ao alcance do consumidor, por meio de QR codes estampados nas embalagens.

"Desde 2013, quando lançamos a primeira campanha com o ator Tony Ramos, mostramos todo o nosso processo produtivo. É um grande desafio para quem movimenta 37 mil fornecedores, mas a sustentabilidade ganha cada vez mais relevância. Até os varejistas cobram isso", diz Costa.

De acordo com o executivo, engajar o consumidor nessa causa não é tarefa simples. Pesquisa interna encomendada pela Friboi mostra que a percepção do consumidor brasileiro a respeito da sustentabilidade ainda é limitada. "Em geral, eles se preocupam mais com questões como reciclagem e economia de água, mas estão longe de temas como emissões de carbono. Mas nosso papel é trazer a comunicação da forma mais transparente possível."

CHOCOLATE

Não basta entregar gostosuras. Para ser a marca de chocolate mais lembrada do país no Top of Mind, com 29% das citações, a Nestlé arregaça as mangas, calça as botinas e vai para o campo, onde sua principal matéria-prima é cultivada.

Implementado em 2009, o Cocoa Plan, programa global de sustentabilidade da multinacional, chegou ao Brasil já no ano seguinte e passa um pente-fino nessa etapa fundamental para a qualidade dos produtos.

De acordo com Mariana Marcussi, gerente-executiva de marketing de chocolates da Nestlé Brasil, 2.000 produtores foram treinados em rigorosos protocolos. Em torno de 95% deles são pequenos e médios cacauicultores, que passaram a ter contato com as mais modernas práticas agrícolas e aprenderam a importância de promover condições de trabalho mais justas, respeitando a igualdade de gênero e a legislação ambiental.

Ao todo, são 41 pontos de controle a cumprir, e quem obtém resultados melhores garante maior remuneração pelas amêndoas de cacau.

O contato entre a gigante dos chocolates e os produtores não acontece só na base da conversa —por meio de imagens de satélite, as fazendas são monitoradas de maneira contínua. Qualquer sinal de desmatamento pode ser registrado.

Tanto zelo já chega à ponta da cadeia de consumo: KitKat, Alpino, Talento, Prestígio, Baton e o chocolate em pó Dois Frades são hoje inteiramente produzidos com cacau sustentável. Mas ainda há um caminho longo e demorado pela frente —só no Brasil, a Nestlé trabalha com 93 mil fazendas. "No futuro, essa prática será a norma para todo o setor", prevê Marcussi. "A Nestlé só está acelerando o processo."

FEIJÃO

Falar de feijão é falar de Brasil. Para nós, brasileiros, os grãos são praticamente sinônimo de comida no prato, tradição à mesa e segurança alimentar. E três marcas empataram na liderança entre as mais lembradas na pesquisa Datafolha —a igualdade se manteve mesmo com o uso do critério de desempate, o awareness.

Não é coincidência que duas delas, Camil e Kicaldo, com 5% e 4% das menções, respectivamente, conduzam suas estratégias de marketing na mesma direção: a valorização do feijão como item essencial e o respeito às diferenças culturais do nosso mapa, já que cada região tem seu predileto.

Com novas peças publicitárias na TV e no rádio, a campanha "Arroz e Feijão Camil É a Base do Brasil" também tem presença no digital, com o influenciador Ivan Mesquita. Ele vem contando, em vídeos no Instagram, a origem de pratos regionais consagrados, como feijão tropeiro e baião de dois. A marca se destaca no Sudeste, onde foi citada por 11% dos entrevistados.

Dados do IBGE mostram que o consumo vem caindo, o que impacta no perfil nutricional da população, observa Ivy Oliveira, gerente-executiva de serviços de marketing da Camil Alimentos. "Precisamos exaltar a importância do feijão porque foi ele que nos trouxe até aqui", afirma.

A diversidade cultural também entra na pauta da Kicaldo, que registrou 9% de lembrança no Nordeste e no Centro-Oeste. Seu portfólio inclui oito variedades, além dos grãos orgânicos.

"O feijão carioca, desenvolvido por meio da mistura de sementes no fim dos anos 1960, representa 90% do consumo no país. Começamos com ele e o preto, bastante procurado no Rio de Janeiro, mas fomos agregando outros", conta Mauro Bortolanza, presidente e fundador da Kicaldo.

Mais uma vez, como já havia acontecido na edição 2021 do levantamento, a Tio João, que pertence à Josapar, apareceu entre as três mais citadas, com 4% das citações. A marca não tinha feijão em seu portfólio quando as entrevistas foram realizadas —mas agora tem. O produto foi lançado oficialmente em 15 de agosto.

IOGURTE GREGO

A Vigor, com 12% de lembrança entre os entrevistados, e Danone, que atingiu 9%, voltaram a dividir o troféu da categoria, após a vitória isolada da primeira no ano passado. Pela margem de erro da pesquisa, as duas ficaram empatadas. No awareness, permaneceu a igualdade: 14% contra 13%, respectivamente.

A Vigor continua apostando na parceria com o economista e ex-BBB Gil do Vigor, que passou a ser garoto-propaganda da companhia em 2021. O influenciador agora se assume como "Gil da Vigor" nas rede sociais.

"A campanha contemplou a ativação de todos os nossos produtos. Fizemos um convite para os consumidores aproveitarem a vida de forma gostosa, com mais vigor", diz Eduardo Jakus, diretor de marketing da companhia.

Já a estratégia da Danone envolve canais dirigidos à parcela do público mais antenada com temas relacionados à sustentabilidade. A ideia é divulgar a certificação de Empresa B, obtida há dois anos. "Fomos a primeira grande indústria de alimentos do Brasil a conquistá-la e a obtivemos antes de outros países onde a Danone atua. É nossa responsabilidade tornar essa iniciativa conhecida", diz Edson Higo, presidente da marca no Brasil.

Para merecer a chancela de Empresa B, uma companhia precisa comprovar que o modelo de negócio segue boas práticas sociais e ambientais —um trabalho de bastidores que, na opinião de Higo, acaba tendo impacto positivo em toda a cadeia de produção.

Com 300 fornecedores de leite, sendo 70% deles de pequeno porte, a empresa tem times dedicados a levar tecnologia e informação para o campo. "Ontem mesmo fui visitar um deles, que já zerou as pegadas de carbono", comemora Higo. "Ele nos fornece leite de maior qualidade e ainda consegue melhor remuneração."

LEITE

Em 27 anos, desde que a categoria estreou na Folha Top of Mind, Ninho conquistou o primeiro lugar 17 vezes. Em 2022, foi a mais lembrada por 14% dos ouvidos —o índice sobe para 23% entre os moradores da região Nordeste, comprovando que parte da força da marca, de 1944, vem da tradição.

A bagagem histórica não impede que a Nestlé, sua fabricante, aponte o leite Ninho para o futuro e alinhe a produção com o que há de mais moderno em termos de sustentabilidade e saudabilidade. O portfólio cada vez mais variado, com leites sem lactose, sem estabilizantes e orgânicos, já inclui até o Ninho Origem Vegetal.

Dentro da fábrica, o esforço é para garantir a origem da matéria-prima —1.500 produtores já foram certificados pelo programa Nature por Ninho.

A iniciativa incentiva a implementação de boas práticas na cadeia leiteira. "Quando você visita as fazendas, fica impressionado. São quase startups pelo que apresentam de tecnologia, inovação e ações relacionadas a sustentabilidade", diz Stephanie Arnesen, diretora de lácteos da Nestlé Brasil.

Como a decisão de compra do produto é tomada prioritariamente pelas mães, de acordo com a executiva, levar esses números ao mercado consumidor é uma prioridade para a companhia. Tanto que já está prevista para novembro uma nova campanha, que deve se concentrar nos canais digitais.

"Usando as embalagens como meio de contato, vamos explicar a visão de Ninho a respeito de bem-estar animal, uso consciente da água e emissão de CO2, por exemplo", conta Arnesen. "Precisamos traduzir essas informações, porque a realidade do campo ainda é distante para a maioria", afirma.

LINGUIÇA CALABRESA

Os alimentos saudáveis estão em alta, mas a linguiça calabresa não perde a majestade nos momentos de indulgência —nada menos do que 82% das pessoas ouvidas pelo Datafolha declararam que compram o produto com frequência.

Com 26% das citações espontâneas, a Sadia é a mais lembrada pelos consumidores. O resultado é ainda melhor entre as pessoas com nível superior (33%) e aqueles com renda familiar mensal de 5 a 10 salários mínimos (32%).

Quem escolhe o item na gôndola pensando só no gostinho da feijoada pode não se dar conta das ações empreendidas pela BRF, dona da marca, em prol da sustentabilidade. Mas a empresa tem se empenhado em mudar esse quadro, segundo Luiz Franco, diretor de marketing e inovação da BRF.

"Quando vendemos um pacote de linguiça, não mostramos tudo. Estamos mais preocupados em fazer do que em contar", diz. "Mas, por trás da venda, há uma companhia muito engajada", completa.

Signatária do Pacto Global da ONU desde 2007, a companhia assumiu uma série de compromissos ligados à pauta ESG. Entre eles estão realizar a certificação de 100% das unidades fabris em bem-estar animal até 2025 e, globalmente, promover a educação, para reduzir o desperdício de alimentos, junto a 1,5 milhão de pessoas até 2030.

MACARRÃO

Embora italiano de nascença, o macarrão tem alma brasileira. Como já havia acontecido nos dois últimos levantamentos do Datafolha, Galo e Adria foram as marcas mais citadas, com 7% e 6% de lembrança, respectivamente. Empatadas, considerando a margem de erro, ficaram juntas na liderança também no awareness, em que alcançaram 12% e 9%.

Ambas ostentam um longo relacionamento com o consumidor. Enquanto a primeira fábrica Adria foi fundada em 1951, o macarrão Galo é produzido no país desde 1887, o que explica o fato de terem se destacado entre o público de 60 anos ou mais —nessa faixa etária, foram citadas por 10% dos entrevistados.

As duas também conseguiram acompanhar a evolução do mercado. Fabricante da marca Galo, o Grupo Selmi acumula certificações ambientais e patrocina projeto do Instituto de Tecnologia de Alimentos, a Indústria de Alimentos 2030, cuja meta é aprimorar o perfil nutricional dos produtos e torná-los mais sustentáveis.

"Percebemos que aumentou a preocupação dos consumidores", afirma Marcelo Guimarães, diretor comercial da Selmi. "Temos compromissos a longo prazo e melhoramos a cada ano."

Na M. Dias Branco, proprietária da Adria, ações de impacto socioambiental fazem parte da rotina. A empresa entrou para a carteira ISE B3, que é restrita a quem tem excelente reputação pelas práticas sustentáveis.

De acordo com Tiago Timbó, gerente de comunicação, cultura e sustentabilidade do grupo, ações para a economia de recursos naturais, destinação correta de resíduos e investimento no bem-estar das comunidades que vivem ao redor das 17 unidades fabris estão consolidadas. Tais iniciativas, acrescenta Timbó, vão além e chegam ao prato do brasileiro, por meio de projetos como o uso de ovos de galinhas não confinadas. "Nosso consumidor gosta de cuidar dos detalhes, assim como nós gostamos", diz o executivo.

MARGARINA

Lá se vão 17 anos desde que a trintona Qualy foi líder de lembrança pela primeira vez. Em 2022, foi citada por 26% dos entrevistados pelo Datafolha, mas chegou a 39% entre os moradores da região Sudeste.

Também da BRF, a marca tem um robusto conteúdo para apresentar quando o assunto é sustentabilidade —e agora foca sua comunicação nos temas que tenham a ver com o dia a dia do consumidor, explica Luiz Franco, diretor de marketing e inovação da empresa. É o caso do projeto Eureciclo, que promove a reciclagem de 100% das embalagens plásticas, gerando trabalho e renda para 900 famílias.

"O público exige que as marcas amadas por ele puxem uma agenda de sustentabilidade, embora nem sempre saiba como materializar essas informações. Como toda causa social está mais próxima à sua rotina, é importante informar que somos fator causador de várias delas", diz o executivo.

Em conformidade com a tendência global do mercado consumidor, que busca produtos mais saudáveis, o port-fólio de Qualy já engloba margarina sem lactose e uma versão 100% vegetal, a Vegê, sem leite ou derivados e livre de conservantes, aromatizantes artificiais e gordura hidrogenada.

MOLHO DE TOMATE

Este é o sétimo ano consecutivo em que a Elefante, que pertence à Cargill, aparece como a mais citada na pesquisa Datafolha. O molho de tomate lançado em 1941 atinge 50% de lembrança na região Centro-Oeste e 43% entre os moradores do Sul.

Ao longo de oito décadas, a marca passou por outras empresas até ser adquirida pela Cargill, em 2012 —e resistiu a mudanças do mercado. Tamanha força se explica pela capacidade de adaptação que o produto leva no DNA.

Famoso pela latinha, o extrato Elefante se modernizou e já chega às gôndolas em embalagens plásticas reutilizáveis, material escolhido após análise do ciclo de vida do produto, conduzida pela Fundação Espaço Eco.

"Ao final do estudo, concluímos que o impacto ambiental da embalagem plástica é 5% menor do que o da lata", explica Márcio Barela, coordenador de sustentabilidade da Cargill.

O cálculo vai muito além do tempo que cada material leva para se decompor na natureza e considera desde os recursos naturais usados para a fabricação até o impacto gerado pela extração do aço, passando pelo desperdício de produto que a antiga latinha causava, por não ter tampa.

Levar informações tão complexas para o consumidor, diz Barela, é um grande desafio. "O assunto ainda não é muito bem compreendido pelo público, são muitos os selos e dados. A comunicação precisa ser clara para não parecer ‘greenwashing’ [prática de maquiar números para que produtos e marcas pareçam mais sustentáveis]", acrescenta o executivo da Cargill.

PRATOS CONGELADOS

Retrato fiel da rotina urbana, as refeições congeladas chegaram aos freezers brasileiros para ficar. E o pioneirismo da Sadia no segmento ajuda a explicar sua décima vitória consecutiva na categoria. Nesta edição, a marca foi lembrada por 28% dos entrevistados da pesquisa.

Entender todas as nuances do cotidiano do consumidor e entregar praticidade no formato que ele precisa é a chave de uma relação tão duradoura, segundo Luiz Franco, diretor da BRF, proprietária da marca.

A campanha interativa "Ganhe a sua #HoraSadia" convida o público a escolher como prefere aproveitar o tempo conquistado com a refeição pronta —e o número de soluções compartilhadas nas redes sociais tem crescido.

Aos populares lasanha, torta e escondidinho, foram somadas as linhas Speciale, que reúne pratos elaborados, Livre & Lev, com receitas avulsas que permitem várias combinações, e refeições completas em porções individuais.

REQUEIJÃO

Líder desde que a categoria foi criada, em 2015, a Vigor segue na dianteira, com 8% das menções —e continua sozinha na posição, como acontece desde 2019. Seus melhores resultados aparecem no Sudeste (15%) e na faixa etária de 16 a 24 anos (13%).

Campanhas de amplo alcance ajudam a explicar a popularidade. Desde 1926, quando o nome Fábrica de Produtos Alimentícios Vigor apareceu pela primeira vez, não foram poucas as peças que ficaram para a história.

"Em parceria com a DM9, colocamos a criatividade no centro da nossa estratégia, como forma de engajar cada vez mais pessoas no digital. E usamos influenciadores para potencializar nossas ideias", resume Eduardo Jakus, diretor de marketing da Vigor.

TEMPERO PRONTO

Era o ano de 1992 quando a dupla sertaneja Zezé di Camargo & Luciano fez a marca Sazón grudar na cabeça do brasileiro —uma ideia certeira, cujos efeitos ainda são visíveis.

O refrão que virou slogan, "É o amor", já se desdobrou em outras campanhas e continua colaborando para que a marca seja, pela terceira vez consecutiva, a mais lembrada na categoria, com 20% das menções espontâneas. Entre os entrevistados de 25 a 34 anos, o índice vai a 34%, diz o Datafolha.

Fabricados pela Ajinomoto, os temperos Sazón vêm mudando ao longo do tempo. Investimentos em pesquisa e inovação têm como objetivo oferecer a praticidade dos temperos prontos, mas com mais qualidade nutricional.

Segundo Adriana Moucherek, diretora de marketing da Ajinomoto, o grupo está comprometido com as metas globais de sustentabilidade da ONU e, nos laboratórios, a direção é uma só: redução de sal, gordura e açúcar, sem abrir mão do sabor. Um dos lançamentos mais recentes, a linha Sazón Caldo Lev tem fórmula com até 29% menos sódio.

"Temperos prontos sofrem com estigmas, mas temos mostrado que eles podem ser aliados da redução de sal nas receitas", diz. "O sabor umami, presente em nossos produtos, permite cozinhar com até 35% menos sal."

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