Com BYD na ponta, Top Carro Elétrico estreia na pesquisa

Marca chinesa é a mais lembrada pelos brasileiros na nova categoria do Top of Mind

Eduardo Sodré
São Paulo

A categoria Carro Elétrico estreia neste ano na pesquisa Folha Top of Mind e a BYD, que já ultrapassou a marca de 50 mil unidades emplacadas no Brasil em 2024, fez valer a liderança neste novo mercado.

A marca chinesa conquistou a primeira colocação, mencionada espontaneamente por 12% dos brasileiros entrevistados, com destaque entre os homens (19%, ante 6% das mulheres) e os que têm de 25 a 34 anos (18%).

Ilustração categoria Top Transporte - revista Top of Mind

Por faixa de renda, a BYD mostrou estar na memória dos consumidores com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos, recorte em que obteve 44% das menções.

"Com o aumento da procura pelos carros eletrificados, é natural o movimento dos consumidores — que são apaixonados por carros e também estão preocupados com o meio ambiente — de querer conhecer os benefícios dos veículos da BYD e entender seus diferenciais em relação ao que era ofertado antes no mercado nacional", afirma, em nota, Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da montadora chinesa no Brasil.

Vale destacar, porém, que os carros elétricos ainda são desconhecidos da maior parte do público. Seis em cada dez (60%) não souberam informar o nome de alguma empresa que ofereça esses produtos.

O desconhecimento é maior na faixa etária de 60 anos ou mais (78%) e entre o público feminino (69%) entrevistado pelo Datafolha.

CARRO

A marca que produz o Polo, hatch compacto mais vendido no país na atualidade, segue como a mais lembrada da categoria. A Volkswagen acumula agora 33 vitórias em 34 edições do levantamento. Neste ano, registrou 24% das citações dos brasileiros ouvidos pelo Datafolha.

Trata-se de um segmento disputado: apenas 8% dos entrevistados disseram não se lembrar de alguma marca de carro.

Para se manter em alta e atrair o público jovem, a montadora de origem alemã investe em modelos compactos com tecnologia híbrida flex. Um deles será o futuro SUV derivado do próprio Polo, com lançamento previsto para 2025.

O carro será um dos símbolos da transição energética da empresa no país. O mercado brasileiro ganha relevância como etanol em meio às dificuldades enfrentadas pela VW na Europa e na China, que buscam a eletrificação plena.

O prestígio da Volkswagen no Brasil se reflete no ciclo de investimento atual. No total, serão R$ 16 bilhões entre 2022 e 2028, com o lançamento de 16 veículos. Em setembro, a empresa obteve uma linha de crédito de R$ 304 milhões junto ao BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) para modernizar suas fábricas.

"O uso de tecnologias digitais em toda a jornada do automóvel, do desenvolvimento ao pós-venda, não apenas aumenta a eficiência, mas também molda o futuro da mobilidade e das operações na Volkswagen", diz, em nota, Ciro Possobom, CEO da Volkswagen do Brasil.

MOTO

Para o brasileiro, Honda é sinônimo de motocicleta. A marca japonesa foi a mais lembrada pela 12ª vez — venceu todas as edições em que a categoria fez parte da pesquisa.

A Honda registrou 66% das menções, com destaque entre os homens (74%), na faixa de 35 a 44 anos (74%) e no segmento que estudou até o ensino médio (71%). Por região, a marca é mais lembrada no Nordeste (75%) e em cidades do interior em diferentes partes do país (71%).

A popularidade da Honda é proporcional ao sucesso de mercado de seu principal produto no Brasil, a CG 160. Produzida em Manaus, esta moto da categoria street teve 292,6 mil unidades emplacadas no Brasil entre janeiro e agosto. É o veículo mais comercializado do país, de acordo com os dados da Fenabrave (associação dos revendedores). Para comparar, a picape Fiat Strada, que é o automóvel mais vendido, teve 87,2 mil licenciamentos no mesmo período.

Em breve, a líder de vendas da Honda passará por mudanças para se adaptar à nova etapa do Programa de Controle da Poluição do Ar por Motocicletas e Veículos Similares, o Promot. A partir de janeiro de 2025, todas as motocicletas produzidas no Brasil deverão seguir regras mais rígidas de emissões de poluentes.

CAMINHÃO

A Mercedes-Benz é a vencedora da categoria Caminhão, conquista que consolida sua posição na memória do brasileiro. A pergunta sobre qual a marca mais lembrada do segmento já foi feita em 16 edições do levantamento Folha Top of Mind, e a montadora alemã foi a mais citada em todas elas.

Neste ano, atingiu 20% das menções dos brasileiros entrevistados, índice que subiu para 29% entre os homens (ante 12% das mulheres). Por faixa de renda, a vencedora se destacou no segmento que ganha de 5 a 10 salários mínimos (30%) e na fatia da população que abrange as classes A/B (28%).

Uma parcela de 36% dos entrevistados não soube informar o nome de uma marca de caminhão. A taxa é mais alta entre as mulheres (56%).

A vitória ocorre em um ano importante para a marca: seu primeiro caminhão extra pesado 100% elétrico foi apresentado em setembro, no Salão do Transporte de Hannover, na Alemanha. O caminhão eActros 600 é capaz de rodar 500 quilômetros transportando 40 toneladas, de acordo com os dados divulgados pela Daimler Truck.

Para o Brasil, há estudos que envolvem biocombustíveis, como o HVO (sigla em inglês para óleo vegetal hidrotratado), que pode abastecer veículos movidos a diesel sem a necessidade de adaptações.

Até o etanol está em pauta, mas não como ocorreu nos anos 1980, quando alguns caminhões Mercedes a álcool foram lançados.

Achim Puchert, presidente da Mercedes Caminhões e Ônibus na América Latina, diz que, sozinho, o derivado da cana não atende a todas as necessidades do segmento de transporte, mas há estudos que conciliam esse combustível ao diesel, com foco na descarbonização.

POSTO DE GASOLINA

Pelo terceiro ano consecutivo, Ipiranga e Shell dividem a liderança. Cada uma foi lembrada por 23% dos entrevistados. No awareness, elas seguiram juntas (39% e 37%, respectivamente).

A Ipiranga se destaca entre os mais escolarizados (30%), na faixa etária de 25 a 44 anos (29%) e no grupo que tem renda familiar mensal de 2 a 5 salários mínimos (29%).

Já a Shell mostra força na região Sudeste (32%), nas classes A/B (31%), no segmento com renda de 5 a 10 salários mínimos (31%) e entre os mais instruídos (29%).

Vale ressaltar que a denominação "posto de gasolina", embora seja de domínio popular, não abrange a transição energética e as mudanças de hábitos que influenciam o setor.

Em dezembro do ano passado, o grupo Raízen — licenciado da Shell — anunciou a compra da rede de recarga para veículos elétricos instalada pela Tupinambá Energia. São cerca de 200 eletropostos, que estão recebendo a marca Shell Recharge.

Na Ipiranga, a mudança de visual que foi iniciada no ano passado já está presente em mais de mil postos.

"O projeto, com materiais mais adequados à reciclagem, é modular e permite a configuração de diversos layouts, além de oferecer uma iluminação que reduz em até 18% o consumo de energia elétrica", diz nota da empresa.

PNEU

A Pirelli vence mais uma vez e mantém a hegemonia em 22 edições da categoria Pneu na Folha Top of Mind. A marca, que conquistou também o prêmio especial Top Masculino, foi lembrada de forma espontânea por 38% dos entrevistados, com índices mais altos entre os homens (52%, ante 24% das mulheres), no segmento de 35 a 44 anos (49%) e na faixa de renda familiar mensal que vai de 5 a 10 salários mínimos (49%).

A empresa vem apresentando uma série de inovações em seu segmento, sempre de olho na transição energética. Uma das frentes de atuação no momento é a evolução de sensores instalados nos pneus.

A linha Cyber Tyre reúne dados durante o uso do carro e os transmite para a central eletrônica. São informações como pressão e temperatura, que podem ser utilizadas em prol da segurança e da eficiência energética. A Pirelli trabalha para conectar esses pneus à internet 5G, o que vai permitir receber mensagens do ambiente externo, como avisos sobre buracos na via.

Uma parcela de 37% dos entrevistados não soube citar o nome de uma marca de pneu. O desconhecimento é mais alto entre os jovens (61%) e as mulheres (57%).

ÓLEO LUBRIFICANTE

Pela segunda vez em oito edições, a categoria Óleo Lubrificante tem duas marcas vencedoras. Lubrax, cujos direitos pertencem à Vibra, obteve 9% das menções espontâneas, enquanto a Mobil recebeu 6%, o que configura empate devido à margem de erro do estudo, de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

No awareness, os rótulos seguiram juntos, com 12% e 9% das citações, respectivamente.

A maioria dos ouvidos (59%), contudo, não se lembrou de algum nome do segmento. No grupo mais jovem, que tem de 16 a 24 anos, a taxa de desconhecimento chegou a 75%.

A Lubrax permanece na memória devido à sua longevidade e à presença ostensiva nos postos que carregam a bandeira Petrobras, outra marca sob a guarda-chuva da Vibra. São 51 anos de mercado com evoluções constantes.

Há um ano, foi lançada uma linha de lubrificantes voltada a veículos híbridos, que combinam eletricidade com motor a combustão. Segundo a Vibra, foram testadas 12 fórmulas diferentes até se chegar a um resultado que colaborasse para a redução de emissões de poluentes.

A Mobil também investiu neste campo com a linha Super Hybrid. Um dos pontos considerados no desenvolvimento foi o constante liga/desliga automático da motorização a gasolina (ou flex) que caracteriza os híbridos, algo bem diferente do que ocorre em modelos convencionais.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.