Pandemia estreitou relação das marcas com as pessoas, avalia diretor do Grupo Líder

Rede de supermercados do Pará foi uma das marcas mais lembradas na região Norte em pesquisa Datafolha de 2019

A ida ao supermercado virou um dos momentos mais importantes da rotina do brasileiro durante a pandemia de Covid-19 e um dos poucos momentos de saída no período de quarentena. Mesmo considerado um serviço essencial, hiper e supermercados tiveram quedas de até 11,8% nas vendas no período, segundo dados do IBGE.

Nesse cenário, uma rede familiar de supermercados no Pará enxergou no momento uma oportunidade de rever os valores da marca e de se aproximar do seu público consumidor para lidar com a crise.

“A pandemia afetou a maneira como o empresário enxerga o futuro. Ficamos todos mais humanos com essa tragédia”, considera João Augusto Rodrigues, um dos diretores do grupo Líder, ao lado do primo Fábio Rodrigues.

A rede, que surgiu na década de 1960 com uma família ribeirinha de Igarapé-Miri (PA), estreou na Folha Top of Mind na edição 2019 como a marca mais lembrada na região Norte —em dobradinha com a Deline, margarina da BRF.

Na categoria Top Destaques Regionais, considerando todas as marcas citadas na pesquisa Datafolha, vencem aquelas que obtêm a maior diferença entre seu percentual geral e o percentual aferido em cada região.

Referência entre os moradores do Norte, os supermercados Líder estão em 21 endereços no Pará e fazem parte de um conglomerado que inclui farmácias, óticas, lojas de departamentos e de materiais de construção.

Apostando na relação com seu público, o grupo veiculou campanhas de conscientização sobre medidas de segurança contra o novo coronavírus, e enviou uma mensagem positiva para enfrentar a pandemia. "Quando tudo isso passar, enfim abriremos os nossos braços para uma nova vida, distribuiremos abraços, sorrisos e afetos", narra uma voz masculina no filme "Aplausos", homenagem da rede aos profissionais de risco.

“Nossa empresa reconheceu a gravidade do problema logo no início. Com isso, montamos um comitê de crise que gerenciou todas as ações de prevenção e aplicação de medidas rapidamente”, afirma Rodrigues. Entre as ações, a empresa estendeu o horário de algumas unidades para funcionamento 24h.

Com população de 8,6 milhões de pessoas, o Pará está em estado reduzido de novos casos de Covid-19. É o quinto do país com maior número de mortes: 6.201, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa, do qual a Folha faz parte, consultados nesta quarta (2).

Apesar dos números, Rodrigues vê com otimismo a recuperação do varejo na região e planeja abrir novas unidades Líder no próximo ano.

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O que significou para o grupo ter a sua primeira vitória na Folha Top of Mind? Para nós representa um prestígio e um orgulho de ter feito um bom trabalho. Existem vários prêmios de reconhecimento no Brasil, contudo a Folha Top of Mind se destaca de todos os outros por sua seriedade, exatidão de resultados e prestígio. Representa para o agraciado com o prêmio o reconhecimento da qualidade de seu produto, a força de sua marca e a recompensa pelo trabalho.

Na sua opinião, o que contribuiu para a marca ser a mais lembrada? A construção de uma marca requer paciência e continuidade. O grupo Líder mantém há anos sua linha de investimento em comunicação pautada na qualidade e no respeito a nossos clientes —vendemos antes de tudo a confiança em nossa marca.

Como os supermercados Líder tiveram que se reinventar nesse momento de pandemia? No setor produtivo, a pandemia de Covid-19 atingiu a todos, entretanto, de maneiras diferentes. Nosso setor não foi, em termos econômicos, o mais penalizado. Porém, a pandemia afetou a maneira como o empresário enxerga o futuro. Tivemos que rever nossos conceitos e investimentos em ecommerce e treinamento a distância enxergando-os em uma nova perspectiva. Reinventamos nossos conceitos de presteza e solidariedade a todos os agentes envolvidos em nosso processo. Ficamos todos mais humanos com essa tragédia.

Quais foram as iniciativas do grupo para enfrentar a pandemia? Montamos protocolos de trabalhos e atendimento ao público obedecendo todas as recomendações dos órgãos municipais, estaduais e federais. Criamos anúncios de televisão e internet levando mensagem de estímulo e confiança para a sociedade.

Na esfera da responsabilidade social doamos câmaras de ar de prevenção ao contágio médico, cápsulas que ajudaram a proteger os profissionais de saúde. Doamos também álcool em gel e outros medicamentos à comunidade.

Além disso, por termos um serviço próprio de saúde a nossos funcionários, aumentamos nossa equipe médica e leitos disponíveis, alugamos salas de UTI específicas para nossos funcionários em hospitais conveniados e distribuímos, através de nossa equipe médica, medicamentos.

É claro que poderíamos ter feito mais, todos nós poderíamos ter feito mais. Contudo, essa pandemia foi uma coisa nova que ninguém estava preparado para enfrentar. No final creio que fizemos um bom trabalho.

Ao centro à esquerda, João Augusto Rodrigues, diretor do Grupo Líder, e Fábio Rodrigues com parte da equipe de marketing e do departamento médico do grupo
No centro, João Augusto Rodrigues e Fábio Rodrigues, diretores do Grupo Líder - Renan Pina/Divulgação

A rede Líder possui unidades que funcionam 24h. Como o grupo lidou com o controle de entrada de pessoas por vez nos mercados? Em nosso ver, as lojas 24h são as mais adequadas para o enfrentamento da pandemia, na medida em que limitar o horário para o funcionamento do comércio vai contra o bom senso que pede o distanciamento das pessoas durante este período. Porque tal horário diminui a extensão de possibilidade de frequência aos estabelecimentos comerciais por parte dos consumidores, além de diminuir o quadro de funcionários das empresas. Assim, tratamos de, na medida do possível e quando autorizado pelas autoridades sanitárias, aumentar o número de lojas 24h disponíveis à população.

Quais são as expectativas para a retomada do varejo? Tivemos aumento de preços e escassez de produtos, levará algum tempo até recuperarmos essa demanda reprimida pelo confinamento obrigatório. Essa recuperação dependerá muito da situação da economia brasileira, especialmente a dos estados. Segundo pesquisa recente, o estado do Pará se destaca com a possibilidade de recuperação até o ano de 2021.

O que o Grupo Líder prevê para o Brasil nos próximos meses? Temos uma visão otimista. Apesar de considerar estarmos sob o efeito de anestesia provocado pelo coronavírus, isso nos garante que até o final do ano o movimento no comércio estará aquecido. No próximo ano, nossa expectativa é que a economia possa crescer a partir das ações de investimento privado.

A nova política de saneamento básico aprovada recentemente no Brasil é uma oportunidade de investimento alto aqui na região Norte, caracterizada com os piores índices de saneamento. Além disso, poderemos ter privatizações e outros investimentos diretos que criam emprego e renda para a população.

Em relação às ações de marketing, como o grupo se relaciona com o seu público? Paralelo à pandemia de Covid-19, estamos também passando por uma pandemia de métodos de comunicação das empresas com seu público. É inegável a força da internet e a revolução que tem promovido nas políticas de comunicação das empresas. Longe de ser uma onda de destruição, creio que internet é mais um canal que complementa o arsenal disponível no meio publicitário.

Como os resultados da pesquisa Datafolha, realizada em todo o território nacional, podem auxiliar as estratégias da companhia? A Folha Top of Mind nos proporciona uma série de indicadores, não apenas pelos nossos resultados, mas também pelas outras marcas premiadas. Cada empresa destacada é um ponto de questionamento sobre sua ação e como podemos aprender com ela. Veja, portanto, quanta riqueza de informação pode ser obtida com essa premiação.

A pesquisa Datafolha deu visibilidade para a marca em termos nacionais. Diante desse registro feito pelo Top of Mind, em quais regiões o senhor acredita que há potencial para a expansão da rede? Vivemos em dois Brasís, um Brasil do Sul e outro Brasil do Norte. Somos do Brasil do Norte, que ainda não tem um grande player na área de varejo. Iremos buscar nosso caminho de crescimento nessa linha, investindo nesta região através de crescimento orgânico e seguro. Nossa empresa já completou 56 anos, marcada por fortes raízes de estabilidade e é com essa filosofia que queremos continuar crescendo.

O grupo Líder também atua em outras áreas. Quais são elas? Buscamos atender às principais necessidades de nossos consumidores. Por isso, atuamos com supermercados, lojas de departamento, lojas de materiais de construção, farmácias, óticas, indústria de café e lojas de móveis e decoração. São 12 empresas que se complementam e geram sinergia em suas operações.

Há previsão de abertura de novas unidades dos supermercados Líder? Estamos atualmente construindo oito novos hipermercados no estado do Pará. São centros comerciais que agregam supermercados, magazines, home center, farmácia, ótica e loja de móveis. Todas essas operações são trabalhadas de maneira individualizada e com profissionais específicos. É pela qualidade de nossas operações e pela identidade de nossa marca o possível motivo para o sucesso em nossas vendas.

Nem todos sabem, mas o grupo Líder mantém um programa de reciclagem de resíduos. Quais impactos foram gerados pelo projeto? Temos uma grande preocupação com os impactos que nossa operação pode causar ao meio ambiente e à sociedade e, por isso, criamos uma empresa específica para cuidar de nosso resíduos sólidos, a Transforma. Ela é responsável pelo recolhimento de resíduos sólidos e sua correta destinação. Trabalhamos com a reciclagem de todos os produtos passíveis a esse processo, além de produzir adubo a partir da compostagem dos resíduos orgânicos gerados em nossas lojas.

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