Top Aplicativo de Turismo estreia com empate entre CVC, Uber e 123milhas

Gol continua líder do Top Companhia Aérea; vencedoras da pesquisa Datafolha ampliam metas de sustentabilidade

Maristela do Valle

Apesar da digitalização estar em alta no mundo todo, efeito da pandemia, o brasileiro ainda não se familiarizou com nomes de aplicativos de turismo. Sete em cada dez entrevistados (69%) pelo Datafolha não souberam citar uma marca ligada à categoria, que estreia no Top of Mind neste ano.

É o índice mais alto de desconhecimento na atual pesquisa, ao lado da categoria Máquina de Café em Cápsula, em que 68% dos ouvidos não foram capazes de apontar um nome. Em relação aos apps turísticos, essa taxa cresce entre os mais velhos (82%), os menos escolarizados (81%) e nas classes D e E (80%).

No topo do pódio, houve vitória tripla, com CVC (6% das menções), 123milhas (4%) e Uber (3%) empatadas pela margem de erro do estudo, de dois pontos percentuais. No desempate (awareness, que considera o total de menções), as três seguiram vitoriosas: CVC marcou 7%, 123milhas, 6%, e Uber, 4%.

Bordado escrito Top Turismo, letras azuis, desenho de uma câmera, um avião e um barco. Ilustrações para a revista Top of Mind 2022
Georgina Sarmento

Do total de vendas realizadas em 2021 pelas empresas filiadas à Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo), 75% foram digitais. Uma ferramenta que tem sido bastante usada é o WhatsApp, segundo Roberto Haro Nedelciu, presidente da entidade. Já o aplicativo é interessante para a marca, pois elimina o olhar do cliente para a concorrência, diz Mariana Aldrigui, professora de turismo da USP.

Quem tem aperfeiçoado seu app é a CVC, que completou 50 anos em maio. O grupo CVC Corp investiu R$ 105 milhões em tecnologia no primeiro semestre de 2022. No aplicativo Minha CVC, é possível consultar preços, buscar vouchers, acompanhar roteiros, adquirir passeios e comprar produtos de parceiros com descontos. "O aplicativo participa cada vez mais da jornada do cliente’’, afirma Daniela Bertoldo, diretora-executiva da CVC Corp para as marcas B2C (focadas na venda direta ao consumidor).

A 123milhas, também campeã da categoria, nasceu digital. Criada para vender passagens aéreas adquiridas com milhas a preços baixos, em 2017, a empresa hoje comercializa também hotéis, pacotes, aluguel de carro e seguro-viagem. Recentemente, lançou um programa para clientes frequentes: o 123fidelidade. Com ele, é possível resgatar passagens de qualquer companhia com pontos acumulados de compras.

Para a professora Aldrigui, a vitória da 123milhas na Folha Top of Mind está relacionada ao investimento em propaganda na TV aberta, em horário nobre, combinado com o apelo do preço.

Rodrigo Melo, gerente de comunicação, confirma a estratégia. "Ao longo dos últimos anos, decidimos fazer parte do dia a dia dos brasileiros, com presença em TV, redes sociais e ações de impulsionamento", afirma.

Em junho, a marca criou o Projeto Aeroportos, que tem o slogan "Viajar é para todos" e dá dicas de 123 destinos nacionais. Para acessar a plataforma de conteúdo, o passageiro aponta o celular para o QR Code de banners e painéis digitais, espalhados por 45 aeroportos do país.

Já a Uber é outra nativa digital, cada vez mais popular entre os viajantes independentes pelos preços atraentes em relação aos táxis e por ajudar a evitar golpes com taxímetros ou maquininhas de cartão fraudulentos. A empresa americana está presente em mais de 10 mil cidades de cerca de 70 países, incluindo em torno de 500 municípios brasileiros, e opera em 600 aeroportos do mundo todo.

No Brasil, uma novidade deste ano é o Uber Reserve, em que o passageiro pode agendar viagens com antecedência de duas horas a 30 dias. "As solicitações de viagem por meio desse serviço têm ocorrido para diferentes fins, da ida ao aeroporto até a ida ao médico", diz Silvia Penna, diretora-geral da Uber no Brasil.

Para quem desembarca nos aeroportos de Paris, Londres e várias cidades dos EUA, a empresa consegue rastrear o voo do passageiro para sincronizar o pouso do avião com a chegada do motorista, que depois pode aguardar o desembarque por até 60 minutos, sem custo adicional ao consumidor.

Como é o próprio aplicativo que define a rota, o turista viaja sem se preocupar se está sendo enganado. Para garantir a sensação de segurança, a Uber oferece ferramentas como compartilhamento de localização e botão de ligação para a polícia, úteis quando se está num lugar estranho.

Além da segurança, a sustentabilidade é importante para a Uber, que tem a meta de zerar emissões de carbono até 2040. Uma das formas de alcançá-la é estimulando o uso de carro elétrico junto aos motoristas. O programa é realizado em parceria com a locadora Zarp Localiza, a montadora Renault e a distribuidora de combustível Raízen.

Outra iniciativa é a contribuição voluntária dos usuários para neutralizar as pegadas de carbono de uma viagem via Uber Planet, disponível em dez cidades do país. Sua corrida é, em média, 5% mais cara que a do UberX.

O valor é investido em projetos de preservação da Amazônia brasileira, em parceria com a Carbonext, companhia voltada à geração de créditos de carbono. Na América Latina, as viagens feitas com cerca de 12 milhões de passageiros já ajudaram a compensar mais de 47 mil toneladas de CO2 até o primeiro trimestre deste ano.

Na categoria Aplicativo de Turismo, a CVC obteve maior destaque entre os entrevistados com renda familiar mensal de 5 a 10 salários mínimos (12% das citações espontâneas). Já 123milhas e Uber ficaram dentro da média em todos os segmentos que foram pesquisados pelo Datafolha.

COMPANHIA AÉREA

Neutralizar as emissões de carbono até 2050 é uma das metas da Gol, companhia aérea campeã da Folha Top of Mind desde 2017. Neste ano, ela foi citada por 31% dos entrevistados, crescendo cinco pontos percentuais em relação a 2021.

A marca alcança índices mais altos nas classes A e B (41%), entre os mais escolarizados (40%) e na faixa de renda familiar mensal de 5 a 10 salários mínimos (38%). Com seis vitórias em 23 edições do prêmio, a empresa segue atrás da Varig e da TAM, que conquistaram a liderança nove vezes cada uma. Vale lembrar que a Varig não existe mais e a TAM se uniu com a chilena LAN em 2012, formando a Latam.

A Gol e sua parceira Moss, plataforma de créditos de carbono, compensam totalmente o CO2 emitido em duas rotas: Recife-Fernando de Noronha e Congonhas-Bonito, diz a empresa.

Além disso, os clientes podem neutralizar voluntariamente o carbono de outros trajetos. "Infelizmente, a adesão voluntária fica abaixo de 1% dos passageiros", diz Eduardo Calderon, diretor do Centro de Controle de Operações e Engenharia da Gol. Para melhorar esse índice e agilizar a compra, a companhia deve instalar nos próximos meses um botão nos canais digitais, semelhante aos recursos para adquirir opcionais como bagagem despachada e assento.

Hoje, o voluntário que deseja compensar o voo precisa fazer um cadastro na Moss após usar uma calculadora online para descobrir a quantidade de CO2 produzida no trajeto e o respectivo custo de neutralização. A compensação da rota São Paulo-Salvador-São Paulo, por exemplo, custa R$ 22. O dinheiro arrecadado é investido em projetos ambientais certificados na Amazônia.

Outra medida da Gol é a troca de sua frota pelos aviões 737 MAX, que reduzem em torno de 15% o consumo de combustível — atualmente, 36% do total foi renovado. A companhia também está investindo em plataformas de fabricação de biocombustível de aviação e descarte apropriado do lixo do serviço de bordo, além de ter substituído o tradicional batismo de novas rotas, que gastava muita água, por cerimônias virtuais com filtro do Instagram.

AGÊNCIA DE VIAGEM

Digitalizada: esta é a principal característica do novo modelo de loja da CVC, que se consolidou como a agência de viagem mais lembrada do Top of Mind desde a criação da categoria, em 2011, com 12 vitórias em 12 edições. Em 2022, a marca manteve os mesmos 16% das citações do levantamento anterior.

Suas melhores performances ocorrem entre os mais instruídos (37%), no segmento com renda familiar mensal de 5 a 10 salários mínimos (37%) e nas classes A e B (29%), diz o Datafolha.

O novo ponto de vendas físico da CVC tem mostruários digitais, fornecedores certificados e estações de reciclagem. Todas as 1.100 franqueadas devem ser reformuladas em até cinco anos, segundo a diretora-executiva Daniela Bertoldo.

"Essas novas lojas registram aumento de vendas de até 20% não só por causa das vitrines eletrônicas, que podem exibir ofertas de acordo com o público-alvo, mas também porque o cliente não quer mais ir a uma agência que seja só transacional", diz Bertoldo. "Ele quer ter algum tipo de experiência."

O novo layout também está alinhado com o REprograma, lançado no ano passado pelo grupo CVC Corp e baseado em quatro eixos: REspeitar a diversidade, REeducar os públicos, REduzir a pegada (de carbono) e REgenerar destinos e comunidades.

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